Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Assassinato completa 20 anos sem condenação pela Justiça


Pai e filho foram mortos a tiros por motivo considerado fútil; família aguarda julgamentos

Divulgação












Francisco de Assis Vieira Lucena, apontado como assassino de pai e filho da família Scherner

RAFAEL COSTA DA REDAÇÃO



Um dos crimes mais bárbaros já registrados em Cuiabá está prestes a completar 20 anos, sem solução por parte do Poder Judiciário. Trata-se do brutal assassinato do professor universitário Dario Luís Scherner, 45, e seu filho, Pedro César Scherner, 17.

Até o momento, o responsável pelas mortes ainda não foi levado a julgamento.

Ambos foram mortos a tiros no dia 27 de dezembro de 1991, dentro de uma oficina localizada no cruzamento da Avenida Prainha com a Avenida XV de Novembro, no bairro Porto. O episódio ficou conhecido como "Crime da Casa de Suspensão".

Conforme as investigações, o autor do assassinato é Francisco de Assis Vieira Lucena, proprietário da oficina de alinhamento e balanceamento de carros, que, após executar pai e filho com cinco disparos em cada um, com arma de fogo, permaneceu foragido da Justiça por 17 anos.

Ele foi capturado pela Polícia Civil de Mato Grosso no dia 15 de outubro de 2008, no município de Osasco (SP), e foi encaminhado à Penitenciária Central do Estado, para cumprir prisão preventiva.

Desde então, permanece em cela especial, por ter curso de nível superior, aguardando a decisão da Justiça de levá-lo a júri popular por homicídio duplamente qualificado.

O crime é considerado de natureza torpe e sem oferecer condição de defesa às vítimas, conforme denúncia do Ministério Público Estadual (MPE). Por conta disso, a condenação pode variar de 12 a 30 anos, conforme prevê o artigo 121 do Código Penal.

Motivo fútil

O assassinato é conhecido pela motivação fútil. Em dezembro de 1991, Dario Scherner presenteou seus três filhos com uma mesada em dinheiro. O filho do meio, Pedro Scherner, decidiu presentear o pai comprando um novo escapamento para o carro da família. Por isso, encaminhou o veículo à oficina, que, na época tinha como razão social o nome de "Casa de Suspensão".

Por volta das 13h do dia 27, Pedro foi retirar o veículo da oficina e foi surpreendido. O proprietário Francisco de Assis Lucena estava exigindo pelo serviço o dobro do preço que já havia sido combinado.

Acuado, o menor entrou em contato por telefone com seu pai, Dario, que compareceu ao local, numa tentativa de intermediar um acordo.

Ao anunciar que estava desistindo do serviço, Dario foi surpreendido por Francisco Lucena, que sacou o revólver de uma gaveta e disparou vários tiros, atingindo-o e matando-o na hora. O mesmo ocorreu com o menor Pedro, morto com cinco tiros espalhados pelo corpo.

Reviravolta

A tragédia familiar provocou uma reviravolta na família Scherner, conhecida anteriormente pela felicidade e convivência harmônica.

Todos se preparavam para encarar a estrada na madrugada, rumo ao Rio Grande do Sul para visitar familiares, numa viagem programada de férias de final de ano.

Logo depois, partiriam para o Rio de Janeiro, onde Dario Scherner, enquanto professor universitário, iria apresentar uma dissertação de mestrado referente à Administração Pública, na FGV (Fundação Getúlio Vargas) no Rio de Janeiro.

Ao mesmo tempo, aguardavam para o dia 28 de dezembro a divulgação do resultado do vestibular da PUC (Pontíficia Universidade Católica), avaliação da qual participou o filho Pedro Scherner.

Assassinado um dia antes, ele morreu sem ter conhecimento de que conseguiu realizar um sonho: a aprovação no curso de Engenharia Mecânica, o que lhe permitiria conhecer o funcionamento de automóveis, uma de suas paixões.

Desestrutura emocional

Após a tragédia familiar, a viúva Carmen Scherner ficou tão abalada psicologicamente, que comprou uma sepultura no Cemitério ao lado do caixão do marido e do filho. Durante um mês, levava diariamente as três refeições diárias aos dois mortos.

Passados quase 20 anos, ela ainda não se desfaz dos objetos que lembram o marido e o filho assassinados.

Atualmente, aos 64 anos, mora em Brasília, em companhia da filha e enfrenta problemas de saúde.

Esperança

Ao Midianews, a fisioterapeuta Giovana Scherner, filha de Dario, afirmou que acredita em um desfecho favorável da Justiça ao assassinato do seu pai e irmão.

"Não quero terminar com a sensação de que perdemos todos nossos esforços. Ainda espero que seja marcada, em breve, a data deste júri popular", declarou.

Diante da esperança em conseguir Justiça, Giovana cursou até a Faculdade de Direito e cursou pós-graduação em Criminologia, para atuar na busca por Justiça. Também defende uma condenação prevista em lei.

"Busquei o conhecimento das leis para conhecer mais detalhes e lutar por Justiça. Fui até escrivã da Polícia Civil, para ajudar na captura do assassino do meu pai. Minha família nunca pensou em vingança e sempre batalhou para que seja feita Justiça. Esperamos o julgamento para evitar que este clima de impunidade continue", disse.

O publicitário Dario César Scherner também aguarda que seja feita Justiça. "É uma situação difícil de administrar e esperamos uma decisão do Judiciário para virar essa página. Não dá para esperar mais! Minha família espera há anos o fim desta angústia", afirmou.

Assista as reportagens atuais sobre o Caso Scherner clicando aqui

Sem comentários: